Hospital Dr. Mariano Coelho de Currais Novos (foto do Blog de Currais Novos)
A correção das distorções da existência de dupla porta de entrada no Hospital Regional Mariano Coelho (HRMC), em Currais Novos, e a melhoria na assistência à saúde da população do Seridó do Estado foi tema de reunião desta quarta-feira (18), entre Secretaria Estadual de Saúde, Ministério Público e prefeitos filiados à Associação dos Municípios da Micro Região do Seridó Oriental – AMSO. O encontro aconteceu na sede da associação, em Currais Novos, e contou com a presença do secretário de Estado de Saúde Pública, Luiz Roberto Fonseca, e das promotoras Mariana Barbalho, Hayssa Kirie, e de Iara Pinheiro, promotora da saúde, além dos secretários municipais de saúde, diretores do Hospital e da Fundação Pe. João Maria.
Desde
1964, quando o RN iniciou uma parceria com a Fundação Padre João Maria
(entidade da diocese de Caicó), o HRMC vem funcionando com dupla porta de
entrada, ou seja, a mesma estrutura física que recebe pacientes do SUS também
recebe o privado (convênios e particular) o que incorre no descumprimento dos
conceitos que norteiam o SUS, uma vez que os recursos viabilizados dos impostos
pagos pela população estão servindo para custear o atendimento de quem busca o
serviço público e também o privado, trazendo prejuízos à assistência, pois não
define as responsabilidades dos entes envolvidos.
De
acordo com o secretário da Sesap, Luiz Roberto Fonseca, o HRMC possui uma
posição estratégica no Rio Grande do Norte, dentro do conceito de rede previsto
no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo uma das melhores unidades da rede
hospitalar estadual, quando se refere a estrutura física e de conservação, mas
preocupa pelo descumprimento da legislação que norteia os preceitos do SUS, da
universalidade e equidade, que dá direito a assistência a saúde gratuita a
população. “O que acontece hoje, dentro do Hospital de Currais Novos, é que a
mesma estrutura administrativa que é pública, recebe o paciente do SUS e o
paciente privado, com um diferencial na qualidade entre ambas as assistências,
ocorrendo um desrespeito absoluto, administrativamente criticado, impossível de
sustentar, criminalmente impraticável, e no ponto de vista ético também o é, e
isso causa sim um prejuízo para a assistência da população, porque efetivamente
não se define de quem são as responsabilidades”, ressaltou.
Para
Luiz Roberto, a Fundação Padre João Maria, que atualmente gerencia os recursos
da unidade, tem que canalizar os esforços para atender exclusivamente o serviço
público e não prestar atendimentos ao privado. “Detectado a irregularidade não
podemos persistir no erro. Nossa meta é o interesse do usuário do SUS. Não se
pode utilizar recurso público para o atendimento privado. Iremos trabalhar em
conjunto com o Ministério Público e com a Associação dos Municípios da Micro
Região do Seridó Oriental para que, a partir do dia 31 de dezembro deste ano, o
Hospital suspenda de forma definitiva e improrrogável a assistência a planos de
saúde e atendimento particular. O Hospital atenderá exclusivamente e de forma
gratuita, como preconiza o SUS, sem absolutamente nenhum grau de distinção a
quem quer que seja. Vamos buscar um entendimento com a Fundação para oferecemos
uma melhor assistência à saúde da região”, disse o secretário.
A
promotora de Justiça, da tutela da Saúde Pública, Iara Pinheiro, avaliou
positivamente a reunião, que contou com o comparecimento de todos os entes
interessados, e disse que o MP já vinha acompanhando a questão do Hospital
através de um levantamento de informações em 2012 produzida pela equipe da
SESAP, quando foi identificado, segundo ela, um conjunto de irregularidades,
entre elas, o uso de estrutura pública pelo setor privado, sem nenhuma
regulamentação. “O Ministério Público tem como meta inicial corrigir as
distorções da existência da dupla porta de entrada identificada no hospital.
Essas ações serão tomadas com cautela, de forma planejada, visando à proteção
das pessoas que não podem pagar pelos serviços de saúde. Temos confiança de que
a gestão do secretário Luiz Roberto, da Sesap, conseguirá solucionar estas
questões de forma a preservar as características do SUS de equidade e
universalidade”.
O
prefeito Vilton Cunha, presidente da AMSO, afirmou que o encontro foi
importante para todos que trabalhem por um melhor atendimento no Hospital
Regional Mariano Coelho, que atende a cerca de 20 municípios da região.
Ao
final dos debates, o secretário Luiz Roberto Fonseca sugeriu a criação de um
grupo de trabalho técnico, que envolverá prefeitos, secretários municipais de
saúde, MP, direção do Hospital e da Fundação, para discutirem a nova linha de
atuação administrativa da unidade da saúde.
“Precisamos
fazer prevalecer os anseios da população e a partir daí construir uma linha de
atuação, dentro da nova realidade. Os repasses dos municípios e do estado
continuarão ocorrendo, sendo que direto ao hospital. A Sesap é a responsável
pela administração do hospital e não abdica de dar a palavra final. Prefeitura
e fundação atuarão articuladas com o estado dentro da licitude que reza a
constituição”, concluiu.
Fonte: Governo do RN
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