DE BRASÍLIA
Mantega fala, dólar cai e BC volta a atuar
Ministro citou piso de R$ 1,85 para cotação da moeda americana e mercado forçou queda, atacada depois pelo BC
Governo diz que valor deve ficar em torno de R$ 2; investidores veem confusão e falta de sintonia na equipe econômica
A preocupação do Banco Central com a inflação e uma declaração do ministro Guido Mantega (Fazenda) -interpretada como indicação de que o governo poderia permitir uma queda maior do dólar- derrubaram a cotação da moeda americana no início do dia de ontem. Isso levou o BC a nova intervenção para recuperar a cotação.
O estopim foi uma resposta de Mantega sobre o câmbio, durante uma entrevista: "O ideal é que não houvesse intervenção, mas isso é sonho. Agora, se houver de novo uma tendência especulativa, se o pessoal se animar: 'Vamos puxar esse câmbio para 1,85', aí estaremos de novo intervindo".
No mercado, a declaração soou como sinal de que havia espaço para a cotação do dólar -então ao redor de R$ 1,97- cair ainda mais. E o dólar recuou para R$ 1,95.
REAÇÃO DO BC
Como reação, o BC fez uma operação equivalente à compra de moeda, e o dólar subiu para fechar a R$ 1,972 (comercial) e R$ 1,971 (à vista).
Para Tarcísio Rodrigues, da corretora Socopa, Fazenda e BC pareciam fora de sintonia.
"A sensação é que o BC entrou para arrumar a casa."
O curioso é que, há uma semana, era a autoridade monetária que produzia uma queda do dólar.
"A política cambial está confusa. Há uma bola dividida no governo, entre os que acham que o dólar deve subir para ajudar o crescimento e os que acham que o dólar deve cair, para debelar a inflação", diz Newton Rosa, da SulAmérica Investimentos.
A indefinição vem desde o ano passado, quando o governo passou a alterar a forma de conduzir a política econômica.
FOLHA DE SÃO PAULO
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