Na noite de 21 de abril de 1985, o Brasil parou diante da televisão, do rádio e dos jornais. O clima já era de tensão há semanas. Tancredo estava internado desde a véspera da posse, em estado grave, após uma sequência de complicações de saúde. E naquela noite, não havia mais como esconder: o quadro era irreversível.
Por volta das 22h, o então porta-voz da Presidência, o jornalista Antonio Britto, desceu os sete andares que separavam a UTI do auditório do Instituto do Coração, em São Paulo. Centenas de jornalistas se espremiam no local esperando uma atualização. Horas antes, às 18h, a equipe médica liderada pelo renomado cirurgião Henrique Pinotti já havia avisado a família: “A situação clínica se agravou e atingiu características de irreversibilidade.”
Às 21h15, foi divulgado o último boletim médico. A morte de Tancredo foi oficialmente confirmada pouco tempo depois. Do lado de fora do hospital, nas ruas e nas igrejas do Brasil inteiro, milhares de pessoas acendiam velas e faziam orações. A esperança se transformava em tristeza.
Antonio Britto, antes de comunicar o falecimento ao país, consultou o neto de Tancredo, Aécio Neves, e o publicitário Mauro Salles. Ele sabia que aquele anúncio precisava ser mais do que um simples comunicado. Precisava refletir a dor e a grandeza daquele momento histórico.
O homem que dizia que para descansar “tinha a vida eterna” partiu sem tomar posse. Quem assumiu seu lugar foi o então vice-presidente José Sarney.
Tancredo não foi apenas um político. Foi um símbolo de transição, de esperança, e da luta por um país mais justo. Sua morte deixou um vazio enorme, mas seu nome ficou marcado na história como aquele que guiou o Brasil até a porta da democracia — ainda que não tenha conseguido atravessá-la em vida.
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