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| Imagem dos dois Presidentes em questão |
Duas declarações chamam atenção e ajudam a contextualizar o posicionamento do ex-diplomata: quando Feeley afirma que “encorajaria tanto Lula quanto praticamente qualquer líder a se manterem fora da órbita de Trump” e, em seguida, diz que isso deveria ocorrer “até que os Estados Unidos retornem a um nível mais normal de comportamento internacional aceitável”. Essas falas deixam claro que não se trata apenas de uma leitura diplomática, mas de uma oposição política explícita ao estilo e à liderança de Trump.
Ao classificar o comportamento internacional dos Estados Unidos sob Trump como “anormal” ou “inaceitável”, Feeley abandona o campo da análise técnica e assume uma postura claramente opinativa. Esse detalhe é relevante porque ele não ocupa mais cargo oficial, deixou o governo americano em 2018 e, hoje, atua como diretor de uma organização ligada ao debate sobre mídia e integridade institucional — um campo fortemente marcado por disputas ideológicas.
Nesse contexto, a afirmação de que Trump teria “descartado” Bolsonaro por considerá-lo um “perdedor” soa mais como interpretação pessoal do que como fato verificável. Não há declarações públicas de Trump que confirmem essa leitura, nem decisões formais que sustentem essa tese de forma objetiva. Trata-se, portanto, de uma análise baseada na visão subjetiva que o ex-embaixador tem do ex-presidente americano.
Outro ponto frágil da entrevista é a tentativa de atribuir decisões relevantes da política externa dos EUA exclusivamente ao “comportamento errático” de Trump, minimizando o papel de outras figuras e instituições, como o secretário de Estado Marco Rubio. A política externa americana, historicamente, envolve interesses estratégicos, econômicos e institucionais muito mais amplos do que decisões individuais isoladas.
Também merece ressalva a avaliação de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria tido “sorte” com a suspensão de tarifas, ignorando fatores diplomáticos e comerciais que normalmente pesam nesse tipo de decisão. Essa leitura simplifica excessivamente um tema complexo e reforça uma narrativa política conveniente, mas pouco rigorosa.
Conclusão
A entrevista de John Feeley, amplamente repercutida, deve ser entendida mais como opinião política com forte carga ideológica do que como uma análise diplomática neutra. Ao leitor, cabe o senso crítico de perceber que o ex-embaixador fala a partir de uma posição claramente contrária a Trump — o que influencia diretamente sua avaliação sobre Bolsonaro e sobre as relações entre Brasil e Estados Unidos.
Para um debate público saudável e informado, é fundamental que esse tipo de fonte seja contextualizado de forma clara, evitando que opiniões pessoais sejam tratadas como diagnóstico oficial ou consenso internacional.

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