01 junho 2013

Sim, é possível um outro sistema prisional, segunda matéria publicada.

Senador Paulo Paim (PT), publicou essa noticias em seu facebook

O professor Neemias Moretti Prudente, em artigo publicado na Revista do Ministério Público Militar, de novembro de 2011, aponta que “o índice de punição de crimes é inferior a 10%” e, “se a polícia fosse mais eficiente, o poder público não teria onde colocar tantos presos e a superlotação seria maior”.

Neemias informa que quase 60 mil pessoas se encontram encarceradas em delegacias, pois as peniteciárias e os cadeiões não comportam e não dispõem de infraestrutura adequada.

Ele acrescenta, ainda, uma interessante informação a respeito do perfil do preso brasileiro: “a população carcerária brasileira compõem-se de 93,4% de homens e 6,6% de mulheres”.

Em geral, são jovens com idade entre 18 e 29 anos, afrodescendentes, com baixa escolaridade, sem profissão definida, baixa renda, muitos filhos e mãe solteira (no caso das mulheres). Em geral praticam mais crimes contra o patrimônio (70%) e tráfico de entorpecentes (22%). A média das penas é de quatro anos.

É importante, também, observar que tanto o número de encarcerados quanto a superlotação continuam a crescer a cada novo ano.

Essas condições, é claro, não são exclusividade de uma ou duas unidades da Federação. As más condições prisionais se repetem em praticamente todos os Estados e no Distrito Federal.

Segundo artigo de autoria de Fábio Duarte Fernandes, os dados coletados no Departamento Penitenciário Nacional, subordinado ao Ministério da Justiça, demonstram que a população carcerária, em sua grande maioria é composta de presos pobres, com poucos recursos pessoais, suscetíveis às influências do momento e vulneráveis às ações arbitrárias e violentas.

Embora sejam pouco agressivos acabam sendo cooptados pelas lideranças do crime organizado. Estas circunstâncias demonstram que o método de concentração de apenados em grandes complexos penitenciários e unidades prisionais como o Carandiru (já desativado em São Paulo), Frei Caneca e Bangu no Rio de Janeiro é obsoleta e onerosa para os parcos recursos disponíveis para manutenção, custeio e investimentos no setor.

Em relação ao Rio Grande do Sul, a situação não é diferente daquela encontrada no restante do País. O citado Fábio Duarte Fernandes assim descreve o que se passa no Rio Grande. Vejamos:

“Considerado o pior presídio do país, o Presídio Central de Porto Alegre está localizado na Av. Roccio, 1100, na zona leste da cidade e abriga quase 20% de toda a população carcerária do Estado. O odor rançoso de comida velha, o fedor ocre de urina e maconha misturada a esterco queimado com o esgoto vertendo pelas paredes e as ratazanas disputando espaços com os presos é o cenário que se constata ao entrar no presídio”.

E prossegue: (…) Há celas com capacidade para 4, 6 e 8 presos, mas ficam 25 e até 30 presos. Somente 100 presos estudam e apenas 400 trabalham e mesmo assim possuem uma remuneração irrisória. (…) Relatórios semestrais do Ministério Público Estadual constatam a falta de atendimento básico aos detentos, a humilhação e a promiscuidade imposta pela superlotação e o indicativo da presença de facções nas prisões. As facções exercem o controle, fornecem drogas e proteção e em troca exigem lealdade e trabalho.

Em outras palavras, o que se passa no Rio Grande do Sul é o mesmo que se passa no restante do Brasil. O Rio Grande tem uma dívida histórica com os direitos humanos na área dos presídios, por isso nos encontramos nesta situação lamentável.

Compete agora; não que seja deles a responsabilidade, mas cabe agora ao nosso governo e aos próximos mandatos resolverem a situação, isso é urgente!

Recentemente o governador Tarso Genro prometeu acabar com a pior cadeia do país até 2014: “O nosso objetivo é chegar ao final de 2014 com o presídio desocupado. Se isto não for possível, em função de atrasos de obras, teremos reduzidos em um terço a população do Central”.

O governo do Rio Grande do Sul está preocupado e encaminhando soluções para o problema. O governo Tarso teve iniciativa. Estamos conscientes que isto é apenas o inicio de uma grande reviravolta no sistema prisional do nosso estado.

Enfim, o sistema prisional brasileiro é caótico, ultrapassado, ineficiente. É, sobretudo, injusto e comprovadamente incapaz de recuperar o apenado, haja vista que a taxa de reincidência é de aproximadamente 70%, segundo dados do CNJ.

É possível um outro sistema prisional?  Sim, porque o atual sistema carcerário no Brasil está completamente falido. Eu acredito, ou melhor, tenho a mais firme convicção de que um outro sistema prisional é possível. No próximo artigo aponto algumas sugestões.

Paulo Paim é senador pelo PT-RS

Fonte: Sul 21 







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