28 dezembro 2013

Os prós e os contras do novo salário



A copeira Maria José Dantas Medeiros, 60, já sabe o que fará com os R$ 46 extras que passará a receber por mês em 2014 com o aumento do salário mínimo. “Vou comprar carne mais cara da próxima vez que for ao supermercado”, empolga-se. 


Anunciado pelo Governo Federal na última semana, o novo mínimo, que passará a ser de R$ 724, entrará em vigor a partir do dia 1º de janeiro e vai incrementar a renda no RN em R$ 657 milhões

Anunciado pelo governo federal na última semana, o novo  mínimo, que passará a ser de R$ 724, entrará em vigor a partir do dia 1º de janeiro e deverá injetar R$ 657 milhões na economia do Rio Grande do Norte durante todo o ano de 2014, de acordo com  um estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgado ontem.

Dinheiro que será pago pelos empresários, irá para o bolso dos trabalhadores, e acabará em supermercados ou estabelecimentos visitados por Maria José e outros 1,113 milhões de potiguares que  têm o rendimento referenciado no salário mínimo. 

Motivo de alívio para a copeira Maria José, que precisa se desdobrar em várias e fazer bicos nos finais de semana para complementar o orçamento, o aumento também é motivo de expectativa para o Comércio, que espera vender mais em 2014, em função do incremento da renda da população. 

Adelmo Freire, presidente da Associação Comercial do Rio Grande do Norte, diz não ter dúvidas de que o aumento do salário se refletirá em mais consumo, e consequentemente, em mais vendas. “O poder de compra do consumidor vai aumentar e isso vai ajudar a aquecer a economia”, observa.

Para Melquisedec Moreira, supervisor técnico do Dieese no RN, outros setores também serão beneficiados, como a indústria, que poderá produzir mais em função da nova demanda, e o Estado, que arrecadará mais com o crescimento do consumo. 

Preocupação

Nem todos, porém, estão convencidos dos efeitos positivos do novo salário mínimo. Para Amaro Sales, industrial e presidente da Federação das Indústrias do RN (Fiern), o aumento no contracheque de todos os operários está mais para uma preocupação do que para um estímulo à produção.

Segundo ele, o reajuste de 6,7%, em termos nominais, e de 1,18%, se considerado o aumento real, vai pesar nos custos da indústria e reduzir a competitividade do setor. Amaro não descarta a possibilidade dos industriais aumentarem o preço dos produtos ou demitirem funcionários, em função da alta dos custos. A mão de obra, justifica ele, está entre os três maiores custos das fábricas, ao lado da matéria-prima e da energia.

As Prefeituras também estão preocupadas, acrescenta Jaime Calado, prefeito de São Gonçalo do Amarante, e vice-presidente da Federação dos Municípios do RN (Femurn). O novo salário mínimo, de acordo com ele, deverá agravar a situação dos Municípios, sobretudo os menores, que dependem quase exclusivamente dos repasses da União, em baixa, para pagar os servidores. “Mais de 100 Municípios potiguares deixaram para pagar o salário de dezembro em janeiro de 2014 por falta de recursos. O aperreio é grande e deverá ficar ainda maior após esse aumento”, analisa.




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