Campanha
visa conscientizar sobre os riscos.
Ingestão ou aspiração acidentais podem
causar lesões e até a morte
Cerca de 3.500
casos de ingestão de pequenas baterias de lítio por crianças são reportados anualmente a centros de controle de
envenenamento nos EUA. Quando engolidas, as chamadas “baterias botão” podem ficar presas na garganta e causar queimaduras graves ou levar à morte. Na Austrália, por exemplo, onde recentemente uma
criança morreu
como vítima desse tipo de acidente, estima-se
que cerca de quatro casos por semana com lesões são diagnosticados. No Brasil, onde já
foram identificados casos de ingestão acidental, o Inmetro e a ONG Criança
Segura lançam uma campanha de conscientização nacional, com o intuito de
alertar pais, responsáveis, classe médica e institutos de ensino infantil sobre
o perigo, antecipando a uma ação global que começa em junho, com diversos
países envolvidos.
“Desenvolvemos diversas ações de divulgação para que o maior número de
pessoas possível
tenha conhecimento. Equipamentos finos e compactos, como controles remotos de TV e
ar-condicionado, chaves de carro, pequenas
calculadoras, relógios, cartões e velas musicais, MP3 e lanternas, além de tênis e
roupas com pisca-pisca, usados no dia a dia, têm compartimentos de bateria de fácil abertura. Muitos pais desconhecem o risco que isso
representa para as crianças”, destaca Paulo Coscarelli, assessor da Diretoria de
Avaliação da Conformidade do Inmetro. “Ao mesmo
tempo, fazemos
um alerta à classe
médica em função da dificuldade no diagnóstico em
caso de acidente. Os sintomas apresentados pela criança, como febre e dor de estômago, podem ser
facilmente associados a resfriados, viroses ou alergias, e não ao fato de ela ter ingerido ou introduzido uma bateria na narina”, completa.
Entre os dias 16 e 20 de junho, o Inmetro se juntará a uma campanha global, a Semana
Internacional de Conscientização, com foco na
redução de lesões e mortes de
crianças por ingestão da “bateria botão”, fruto de
uma parceria com o Conselho Internacional de Segurança de Produtos de Consumo. Ao todo, 12
participantes integrarão a ação (Brasil,
União Europeia, Estados Unidos, Canadá, Letônia, México, Peru, Colômbia, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia).
A ingestão acidental pode causar lesões
significativas e permanentes, e levar até mesmo à morte. Pequenas baterias, que
podem ter o tamanho de um botão ou de uma moeda, podem se alojar na garganta de
uma criança, onde a saliva imediatamente desencadeia uma corrente elétrica,
causando uma reação química que provoca queimaduras severas no esôfago, em
menos de duas horas. A gravidade da queimadura pode piorar, mesmo depois de a
bateria ter sido removida. O tratamento pode envolver alimentação, uso de tubos
de respiração e cirurgias.
Diferentemente
de brinquedos, que são obrigados a ter um
compartimento para baterias seguro e
resistente a crianças, os dispositivos eletrônicos em geral não têm essa opção e estão amplamente disponíveis e acessíveis em muitos
lares. O
Inmetro também estuda desenvolver um regulamento para o uso seguro dessas
baterias em diferentes produtos. No momento, reúne informações sobre o assunto
por meio de benchmarking internacional, e pretende envolver o setor produtivo
de pilhas e baterias na discussão sobre redução de riscos.
“É
importante que todos os casos de acidentes sejam relatados no Sistema Inmetro
de Monitoramento de Acidentes de Consumo, pela internet, para fundamentar uma
possível regulamentação do uso de baterias em produtos”, complementa
Coscarelli.
No
Mundo -
Internacionalmente, algumas agências de segurança de produtos já estão
trabalhando ativamente na sensibilização do consumidor quanto aos perigos da
“bateria botão”. Na Austrália, onde uma criança de 4 anos morreu em 2013 em
decorrência de ingestão acidental, a Comissão Australiana de Competição e
Consumo (ACCC) tem atuado em parceria com a fabricante Energizer e a ONG
Kidsafe em uma campanha de conscientização direcionada a médicos e associações
da classe.
Estatísticas – Aproximadamente 11% de todos os
casos requerem internação. Nos Estados Unidos, foram identificadas 13
mortesentre 1997 e 2009. As vítimas tinham idades entre 11 meses e 3 anos. A
investigação conduzida nos EUA indica que as baterias ingeridas por criançascom
menos de 6 anos aconteceu ao usar um produto (62% dos casos); ao
manipular baterias soltas (30%), ou no manuseio de embalagens de bateria (8%).
Apesar de casos como estes não serem tão frequentes, o índice de letalidade é considerado
alto: cerca de 50% das crianças vítimas desse tipo de ingestão acidental morrem
em função da demora no diagnóstico e da gravidade das lesões.
Dicas
de segurança: fique atento
-
Deixe equipamentos com baterias botão fora de alcance quando o compartimento da
bateria não for seguro e trave as baterias frouxas.
-
Se a criança engolir a bateria botão, imediatamente procure atendimento médico
de emergência. Não a deixe comer ou beber e não estimule o vômito.
-
Os sintomas podem ser similares aos de outras doenças, como tosse, ‘babação’ e
desconforto. Como as crianças conseguem respirar normalmente, o diagnóstico
pode ser difícil.
-
Relate o caso no Sistema Inmetro de Monitoramento de Acidentes de Consumo (www.inmetro.gov.br/acidenteconsumo),
o que poderá fundamentar uma possível regulamentação do uso de baterias.
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