25 outubro 2014

Prédio da editora Abril é pichado durante protesto contra revista 'Veja'

Reportagem da revista diz que Lula e Dilma sabiam de desvios na Petrobras.
Para Dilma, revista faz 'terrorismo'. TSE suspendeu propaganda da ‘Veja’.

 O prédio onde fica a sede da Editora Abril, em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, foi alvo de um ataque na noite desta sexta-feira (24), depois que a revista "Veja" publicou uma reportagem sobre o escândalo da propina na Petrobras.  A revista afirma que o doleiro Alberto Youssef disse, em depoimento à Polícia Federal, que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinham conhecimento de um suposto esquema de corrupção na Petrobras que abasteceria campanhas do PT.  Segundo a revista, o doleiro não apresentou provas.

 

O tumulto na sede da editora Abril terminou com três pessoas detidas. De acordo com o boletim de ocorrência registrado no 14º DP, de Pinheiros, por volta das 20h de sexta-feira cerca de 200 pessoas se reuniram em frente ao prédio da editora, com o apoio de um carro de som da União da Juventude Socialista. Eles jogaram muito lixo em frente ao prédio e picharam frases como “Veja mente” e “Fora Veja”. Exemplares da revista foram rasgados. Segundo a Polícia Civil, os detidos foram qualificados por pichação e liberados em seguida. Os suspeitos negaram envolvimento em atos de vandalismo e disseram que apenas participaram do protesto.
Procurada pelo G1, a editora Abril não havia se pronunciado sobre o protesto até a última atualização desta reportagem.
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A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) afirmou em nota que “repudia veementemente os ataques”.  “A Abert acompanha com preocupação episódios como o de ontem à noite, pois a entidade considera grave qualquer ato de intimidação à liberdade de imprensa. A Abert lembra que a Declaração de Chapultepec, da qual o Brasil é signatário, aponta uma imprensa livre ‘como uma condição fundamental para que as sociedades resolvam os seus conflitos, promovam o bem-estar e protejam sua liberdade’”, diz a nota da associação.
A Ordem dos Advogados do Brasil também comentou o ataque ao prédio da editora Abril. Em entrevista à TV Globo, o presidente da OAB, Marcos Vinícus Coelho, disse que  é preciso investigar quem são os responsáveis pela pichação. "Vamos avaliar os fatos, vamos com calma e principalmente após as eleições verificar o que aconteceu efetivamente, porque nesse momento entendemos que o principal é termos a maturidade institucional para preservarmos a democracia brasileira", afirmou.
Delação premiada
Assim como o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, Youssef decidiu fazer um acordo de delação premiada, para contar o que sabe sobre o suposto esquema em troca de benefícios. Os depoimentos são protegidos por sigilo. Youssef foi preso pela Polícia Federal acusado de chefiar um esquema de lavagem de dinheiro – do qual Paulo Roberto Costa seria um dos integrantes – que teria movimentado R$ 10 bilhões. Nos depoimentos, Costa e Youssef teriam afirmado que o esquema se estendia à Petrobras e que políticos recebiam propina proveniente de contratos da estatal com fornecedores.
De acordo com a reportagem publicada nesta semana pela revista "Veja", Youssef foi indagado no depoimento sobre o nível de comprometimento de autoridades no esquema e teria respondido: "O Planalto sabia de tudo". "Mas quem do Planalto?", teria questionado o delegado. "Lula e Dilma", supostamente respondeu o doleiro. Youssef não apresentou provas.
A Procuradoria Geral da República informou que, no início da noite, recebeu uma  representação em nome da coligação do candidato a presidente pelo PSDB, Aécio Neves. Na representação, a coligação pede que as investigações sejam aprofundadas, "para se apurar a prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, lavagem de dinheiro, prevaricação e formação de quadrilha ou bando (associação criminosa), dentre outros".
Dilma
Em pronunciamento no horário eleitoral na tarde desta sexta, a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, disse que a reportagem da revista "é um crime" e classificou a publicação como "terrorismo eleitoral". Segundo ela, a intenção da revista é interferir no resultado da eleição.

"É mais do que clara a intenção malévola da “Veja” de interferir de forma desonesta e desleal nos resultados das eleições. A começar pela antecipação de sua edição semanal para hoje, sexta-feira, quando, normalmente, chega às bancas no domingo. Mas como das outras vezes, em outras eleições, "Veja" vai fracassar no seu intento criminoso. A única diferença é que desta vez ela não ficará impune. A Justiça livre deste país seguramente vai condená-la por este crime", afirmou.

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