Crusader, empresa com capital aberto em Sydney, prevê uma capacidade de produção de 5 toneladas do metal por ano por dez anos.
A Crusader, empresa com capital aberto em Sydney, vai investir R$ 400
milhões na construção de uma unidade de beneficiamento de ouro em
Currais Novos e prevê uma capacidade de produção de 5 toneladas do metal
(150 mil onças) por ano por dez anos. O grupo já começou os
investimentos e espera auferir lucros a partir do próximo ano.
"Nós
arriscamos e agora acreditamos que essa área tem potencial para ser uma
das maiores do país", afirmou ao Valor, o presidente executivo global
da Crusader, Robert Smakman. Em 2010, a australiana adquiriu o projeto
de uma pequena empresa que o havia comprado do empresário Eike Batista.
A
região foi explorada desde a década de 90, mas com o recuo dos preços
do ouro e a exigência de novos investimentos, à medida que o ouro de
mais fácil extração ia acabando, decidiu vender o negócio. A pequena
empresa que comprou o Borborema, por sua vez, não tinha capital
suficiente para dar continuidade à exploração. "Eles achavam que Eike
tinha tirado todo o ouro dali. Nós tínhamos uma opinião diferente",
conta Smakman.
A aquisição na época foi concluída por US$ 2,4
milhões e desde então, a australiana iniciou os estudos na região. Foram
gastos US$ 15 milhões até hoje e, em setembro do ano passado, a empresa
concluiu a fase preliminar dos estudos de viabilidade e no início deste
ano, assinou um protocolo de intenções com o governo do Estado para a
produção.
Com o preço do ouro no patamar dos cerca de US$ 1.500 a
onça-troy (31 gramas), estima-se faturamento anual de cerca de US$ 230
milhões com o projeto.
Os custos de extração e exploração do
metal no projeto, no entanto, são grandes. Segundo Smakman, o custo de
produção de uma onça de ouro soma cerca de US$ 700 e o teor aurífero da
jazida na região não é elevado: de 1,2 grama de ouro por tonelada de
minério extraída e beneficiada. "A produção é difícil, mas as empresas
australianas estão acostumadas com isso e detemos tecnologia", explica o
executivo australiano.
Além disso, a construção da unidade de
beneficiamento vai enfrentar diversos desafios, informa ele. Problemas
com os recursos naturais e os de infraestrutura locais para a operação
estão entre os mais complicados. Na região, de solo muito seco, falta
água, insumo que precisa ser abundante para o processo de produção do
ouro, principalmente nas operações de beneficiamento do minério. Dentre
as soluções consideradas estão a utilização de reservatórios
subterrâneos e a reutilização da água da cidade de Currais Novos. Para o
escoamento da produção, será necessário também o desvio de uma rodovia
da região.
Para obter os R$ 400 milhões para a construção da
unidade, a Crusader pretende levantar recursos no mercado, o que deve
incluir empréstimos em bancos. "Consideramos ainda a opção de abrirmos
capital da empresa no Brasil", afirma Smakman. A companhia, que tem
outros três projetos no país - envolvendo minério de ferro, tungstênio,
estanho e urânio - ainda não tem receita e conseguiu levantar seu
capital no mercado financeiro australiano a partir de uma oferta inicial
de ações local e com posteriores vendas dos papéis.
Smakman
prevê que em 2013 será possível construir a unidade de beneficiamento e
em 2014 iniciar a produção. Geólogo, fundador da companhia em 2004, o
executivo nasceu em Perth, forte região mineradora da Austrália. Apesar
de a empresa estar na Austrália, todo o corpo administrativo está no
Brasil, com 90 funcionários. "No Brasil faltam empresas com capital para
explorar recursos minerais. Na Austrália, há 5 mil empresas como nós,
menores e com apetite ao risco, explorando, enquanto no Brasil há cerca
de 50. Há muitas oportunidades para exploração de projetos que foram
ignorados e para novas áreas de exploração", conta Smakman.
Fonte: Portal do Nominuto
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