Da Tribuna do Norte
Se a atual situação
econômico-financeira e social do Brasil é grave, a do Rio Grande do
Norte é gravíssima, com forte possibilidade de se tornar caótica nos
próximos meses. O déficit nas contas públicas estaduais é crescente,
corroendo-se o Fundo Previdenciário mês a mês, como a juntar-se o lixo
embaixo do tapete, que encobre não uma montanha de detritos, mas
profundo sumidouro, por onde se esvai a poupança pública para pagamento
dos aposentados e inativos, de hoje e de amanhã.
Junte-se, ainda, a tudo isto, a
maior estiagem de todos os tempos, que alcança cerca de 1/3 da população
do Estado, que já não tem água para beber nem dinheiro para
comprar. Não se sabe o que se fez até agora pelo menos para estancar a
sangria dos cofres (?) públicos, com despesas desnecessárias aos
objetivos maiores da administração estadual.
É imprescindível que se estabeleçam
prioridades dentro de um perfil de gastos mensais absolutamente
irracional, que aguardam a ação enérgica do gestor, independente de ser
ou não simpática a série de medidas de austeridade, que devem contemplar
todos os órgãos estaduais, e que deveriam ter sido tomadas desde
janeiro.
As transferências da União caíram
cerca de R$ 50 milhões em agosto, enquanto o déficit previdenciário
chegou R$ 35 milhões. A receita total foi menor em R$ 75 milhões. Os
investimentos com utilização de recursos próprios do Estado são quase
inexistentes. Minguados R$ 3 milhões e mais R$ 12 milhões para a Arena
das Dunas.
O que não pode acontecer é faltar o
vencimento do final do mês para os servidores de setores prioritários,
proventos para os inativos, e é inevitável que falte logo que se exaurir
o Fundo Previdenciário – fato que afetará gravemente gerações -,
notadamente daqueles que ganham menos e, por isto, são impossibilitados
de realizar poupança pessoal.
Embora se tenha perdido muito tempo
(precioso) para se proceder às medidas amargas que a situação
inevitavelmente requer – e já não basta a reiterada demonstração de boa
vontade na retórica -, ainda é imprescindível se tentar barrar a descida
da pedra que rola desgovernada de ladeira abaixo, diminuindo a força da
descaída e dando um rumo menos fatal ao inevitável caos.
Propõe-se urgente esforço conjunto
de todas as autoridades públicas não apenas quanto ao presente, mas
notadamente voltado para o futuro de médio e longo prazos, capaz de
manter o básico e restabelecer a governança financeira, já que nesta
seara de administração de recursos públicos os milagres não mais
existem.
Se não, aonde vamos parar?
Fonte: Blog de Marcos Dantas
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