Filho de pedreiro e de catadora de castanhas, o estudante de direito
Ismael do Nascimento Silva, 25, emocionou quem estava presente na
colação de grau dele ocorrida em Teresina (PI), na noite da última
sexta-feira (11). O jovem subiu no tablado da área de entrega do diploma
carregando um banner destacando a origem humilde da família. "O filho
do pedreiro com a catadora de castanhas também venceu", dizia a faixa
com a hastag #MeusPaisMeusHeróis.
A história de superação de
Silva ganhou as redes sociais no fim de semana com a divulgação das
fotos da formatura pela empresa que registrou as imagens. A fotografia
dele com a faixa está com centenas de compartilhamentos e mensagens
parabenizando-o pela conquista.
Em entrevista ao UOL,
nesta segunda-feira (14), Silva disse estar assustado com a repercussão
da homenagem que fez aos pais porque queria mostrar "que profissão
deles também é digna e que todos podem conseguir superar as
dificuldades".
"Meus pais me deram oportunidade para que eu
conseguisse me formar em direito. Apesar de não terem condições, me
deram assistência financeira para me manter no curso. Os dois entraram
na colação de grau comigo porque são meus maiores exemplos de humildade,
honestidade, dedicação e amor", afirmou o novo advogado.
A mãe
dele cursou até o 3º ano do ensino fundamental e o pai até o 1º ano do
ensino médio. Silva é o primeiro da família a concluir um curso
superior. "Eles estão muito orgulhosos e eu também porque passei no
exame da OAB quando estava no 9º período." No dia 11 de agosto, ele
recebeu a carteira da ordem para poder exercer a profissão já depois da
formatura.
"Minha vida não foi fácil. Aos 10 anos comecei a
trabalhar para ajudar a minha mãe, pois meus pais são separados. Vendi
'sacolé', espetinho de carne, milho cozido. As dificuldades financeiras
me incentivaram a estudar. Estou na metade do meu projeto de vida ainda,
com essa formatura, mas ainda quero passar num concurso público para
ter estabilidade e organizar a vida financeira da minha família", contou
Silva.
Ele cursou direito em uma faculdade particular em
Teresina como bolsista do Prouni (Programa Universidade para Todos), do
Ministério da Educação. Para pagar o transporte, os livros e demais
materiais durante o curso, o estudante elaborava apostilas com o
conteúdo dado em sala de aula e vendia aos colegas. Ele também conseguiu
uma vaga como instrutor de Badminton num clube próximo à faculdade.
"Tinha dias em que eu não tinha sequer o dinheiro da passagem de
ônibus. Como eu saía cedo da manhã para estudar na biblioteca, já ficava
para as aulas do curso à tarde. Ficava sem me alimentar até chegar em
casa à noite. No segundo ano, a dona da cantina soube da minha história e
eu passei a almoçar de graça. Além da minha força de vontade, sempre
tive pessoas que me ajudaram, como meus pais, os colegas da turma,
professores e anjos que iam surgindo a cada vez que aparecia algum
obstáculo", conta o advogado.
Este ano, Silva conseguiu passar
numa seleção na Procuradora Geral de Teresina, onde foi estagiário por
sete meses, e este mês começou a trabalhar como assessor direto do
procurador-geral do município, em um cargo comissionado. Apesar de já
estar trabalhando na procuradoria, os advogados Evandro Melo, Eufrásio
Neto e Anderson Souza, colegas de sala de aula de Silva, convidaram sem
ônus o jovem advogado para fazer parte do escritório que abriram na zona
Leste de Teresina, área nobre da capital.
"Apesar da minha
dificuldade financeira, eu nunca me fiz de oportunista para conseguir as
coisas. As pessoas observam minha determinação e ajudam. Tenho muita
gratidão por tudo. Para mim não tem tempo ruim, sou movido a sonhos e a
determinação", disse Silva.
Fonte : Site da Educação Uol
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