Em duas duras notas divulgadas ontem, o
novo ministro das Relações Exteriores José Serra rebateu o discurso
bolivariano de países alinhados aos governos petistas de que o processo
de impeachment que afastou Dilma Rousseff do poder foi um
“golpe”. Fizeram coro à retórica petista os governos da Venezuela, Cuba,
Bolívia, Equador e Nicarágua, assim como da Aliança Bolivariana para os
Povos de Nossa América/Tratado de Comércio dos Povos (ALBA/TCP).
Em um dos comunicados, o Itamaraty defendeu a legitimidade do processo de impeachment e criticou os governos que
propagam “falsidades sobre o processo político interno no Brasil”.
“Esse processo se desenvolve em quadro de absoluto respeito às
instituições democráticas e à Constituição Federal. Como qualquer
observador isento pode constatar, o processo de impedimento é previsão
constitucional.”
A outra nota repudia especificamente as
declarações do secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas
(Unasul), Ernesto Samper, que no dia do afastamento de Dilma advertiu
para o risco de “ruptura democrática” no Brasil. “Os argumentos
apresentados, além de errôneos, deixam transparecer juízos de valor
infundados e preconceitos contra o Estado brasileiro e seus poderes
constituídos e fazem interpretações falsas sobre a Constituição e as
leis brasileiras”, diz o comunicado. “Além disso, transmitem a
interpretação absurda de que as liberdades democráticas, o sistema
representativo, os direitos humanos e sociais e as conquistas da
sociedade brasileira se encontrariam em perigo. A realidade é oposta.”
Ontem o presidente venezuelano Nicolás
Maduro anunciou que pediu o retorno a Caracas do embaixador do país no
Brasil, Alberto Castellar, em protesto contra o afastamento de Dilma
Rousseff. Mas ele não informou se pretende romper definitivamente os
laços diplomáticos com o Brasil.
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