“Enquanto você posta foto na praia, estamos aqui vendo a segunda onda vir com força”
Em tempos de pandemia, "a
exaustão de tentar educar um paciente de cada vez" motivou o médico Diego
Vieira, também professor de História, a compartilhar relatos de três episódios
ocorridos neste sábado durante seu plantão na linha de frente contra a Covid-19
em um hospital em Baturite, no interior do Ceará. Buscando um alcance maior,
Vieira usou a página no Instagram @imagens.história, em que a postagem
rapidamente repercutiu, ultrapassando 30 mil curtidas num intervalo de 6 horas.
"Jovem de 22 anos com
sintomas respiratórios. Relata que viajou pra praia no Réveillon e que 3
pessoas da casa onde estavam testaram positivo para COVID. Está com medo pois
abraçou a mãe idosa no dia primeiro de janeiro. Repreendi sobre a necessidade
de evitar aglomerações, ele respondeu que 'precisava relaxar' no Ano Novo.
Sinto que ele não me escutou", conta Vieira sobre o primeiro exemplo.
"Mulher de 45 com febre e
tosse. Tenta furar a fila de atendimento exigindo o "tratamento preventivo".
Mando esperar sua vez. Na sua consulta exige prescrição de cloroquina. Oriento
que a medicação não tem nenhuma eficácia contra o COVID. Sai do consultório
ameaçando me processar. Sinto que ela não me escutou", diz ele sobre o
segundo caso.
"Idosa de 71 anos com falta
de ar. Saturação de oxigênio baixa. Ligo para o SAMU que informa que não pode
levar no momento para hospital de grande porte pois já estão com vários
pacientes na mesma situação esperando. Filha diz que fizeram uma
"festinha" só de 15 pessoas na virada, apenas com parentes próximos.
Nem tinha mais forças para repreender. Sinto que ela não vai me escutar",
conclui no terceiro episódio, seguido pelo desabafo:
"E é assim que todos os
profissionais da saúde que conheço estão se sentindo. A população não nos
escuta há meses.
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