A narrativa construída pelo governo sobre um suposto embate entre "povo e elites" esconde um risco econômico perigoso: a ilusão de que tributar bilionários, bancos e setores rentáveis não terá consequências para a população comum. A realidade é mais complexa – e preocupante.
1. Quem realmente paga a conta?
Historicamente, grandes empresas e investidores não absorvem integralmente aumentos tributários. Esses custos são repassados via:
Ajuste de preços de produtos e serviços
Redução de investimentos em expansão e geração de empregos
Migração de atividades para mercados com carga fiscal menor
2. O tiro pela culatra da fuga de capitais Na era da globalização, o perigo não é teórico – há um risco concreto de fuga de capitais e desinvestimento. Uma tributação agressiva pode:
Acelerar a desindustrialização
Reduzir a competitividade brasileira
Secar fontes de financiamento para políticas sociais
3. O paradoxo do discurso anti-Congresso
Ao transformar o Legislativo em "inimigo", o governo:
Desgasta o próprio ambiente para aprovar reformas necessárias
Ignora que muitos parlamentares do centrão apoiam programas sociais
Cria um clima de instabilidade que assusta investidores
O verdadeiro debate que falta:
Em vez de demonizações, seria mais produtivo discutir:
Como tornar o sistema tributário eficiente sem asfixiar a produção
Por que o Brasil gasta mal (e muito) em vez de só focar em arrecadar mais
Como atrair investimentos que gerem empregos de qualidade
Enquanto o debate se reduz a slogans digitais, os riscos concretos de asfixia econômica recaem justamente sobre os trabalhadores e pequenos empreendedores – os mesmos que o discurso pretenderia defender. A conta da retórica inflamada pode chegar mais cedo do que se imagina, e não pelos canais oficiais de arrecadação.
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