18 outubro 2025

Entidade investigada pela CPI do INSS repassou R$ 176 milhões a empresas ligadas à própria cúpula



 Foto: Rafaela Araújo/Folhapress

A Amar Brasil Clube de Benefícios (ABCB), uma das entidades investigadas pela CPI do INSS, movimentou R$ 176 milhões em repasses para empresas controladas por dirigentes e ex-dirigentes da organização. Os dados constam de um relatório sigiloso do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), elaborado a pedido dos parlamentares e obtido pela Folha. Entre os beneficiários estão companhias de familiares e de ex-presidentes da Amar Brasil, todas criadas em datas próximas à obtenção de autorização para realizar descontos em aposentadorias e pensões do INSS.

Segundo registros da Receita Federal e da Junta Comercial de São Paulo, ao menos quatro dessas empresas foram abertas entre dezembro de 2022 e os primeiros meses de 2023 — período que coincide com o início dos convênios da entidade com a Previdência. As sedes de parte dessas consultorias estão localizadas no mesmo andar de um prédio em Barueri (SP). No intervalo entre novembro de 2022 e abril de 2025, a Amar Brasil recebeu R$ 324,6 milhões do INSS e, paralelamente, direcionou grandes quantias para empresas de pessoas próximas à direção.

Entre os repasses, destacam-se R$ 83 milhões enviados a firmas de Felipe Macedo Gomes, ex-presidente da entidade, e de Américo Monte Jr., filho do atual presidente, Américo Monte. Outras três empresas, ligadas a Anderson Cordeiro de Vasconcelos, José Branco Garcia e João Carlos Camargo Jr. — sócios de Gomes e Monte Jr. em outra companhia — receberam R$ 92,8 milhões no mesmo período. Todas as beneficiárias têm como atividade principal a prestação de serviços de consultoria em gestão empresarial.

Os valores movimentados chamaram a atenção dos órgãos de controle porque as empresas foram criadas logo após a Amar Brasil conseguir autorização para realizar descontos nos benefícios do INSS, em agosto de 2022. A AMJ Security, de Monte Jr., por exemplo, foi fundada em dezembro daquele ano e recebeu R$ 38,2 milhões. A EMJC Serviços, de Gomes, foi aberta um dia antes e recebeu R$ 44,9 milhões. Já a ADV Serviços, de Vasconcelos, foi constituída na mesma data e obteve R$ 40 milhões. Outras duas companhias, MKT Connection Group e JBG Serviços de Apoio Administrativo, receberam R$ 24,4 milhões e R$ 28,5 milhões, respectivamente.

A defesa de Monte Jr., Gomes e Vasconcelos, por meio do advogado Rogério Cury, afirmou que todas as atividades foram realizadas “com ética, transparência e profissionalismo” e que os valores foram declarados às autoridades competentes. A reportagem tentou contato com Américo Monte, José Branco Garcia, João Carlos Camargo Jr. e a Amar Brasil, mas não obteve resposta. As investigações da CPI e da Polícia Federal indicam que entidades como a Amar Brasil realizaram descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas. Relatórios da CGU também questionam a capacidade operacional da entidade, que chegou a ficar um ano sem funcionários e não possui filiais registradas.

Com informações da Folha de S.Paulo

Fonte > Blog  do BG

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