A
iminente saída do ministro Joaquim Levy do Ministério da Fazenda parece estar
mais próxima do que nunca. Foi o que ficou evidenciado depois da reunião do
Conselho Monetário Nacional, quando ele deixou claro seu desembarque do
governo. Em entrevista concedida ao Estadão na noite de quinta-feira (18), Levy
fez críticas à gestão Dilma. O ministro ainda vai deixar oficialmente o cargo,
mas na prática não consegue dar as cartas há um bom tempo. Na verdade, quase
nunca conseguiu.
“Ele
já estava natimorto, não podia mais fazer nada. Ele entrou no governo como
antídoto ao desgoverno dela, pois representava tudo que ela abomina:
responsabilidade fiscal e uma política macroeconômica baseada nos três pilares
defendidos pelo PSDB e que colocaram o país no trilho da estabilidade
econômica”, relembrou o deputado Rogério Marinho (PSDB).
O
tucano diz que essa foi a principal razão de Levy ter tido uma passagem tão
turbulenta na Fazenda e não conseguir se manter no cargo. “Levy significava
para o mercado e para a nação a possibilidade de o país voltar aos eixos com a
retomada da política econômica fundamentada nesses três fundamentos básicos que
nortearam lá atrás a política econômica do governo Fernando Henrique”.
Se
por um lado o correto era perseguir os objetivos de inflação controlada,
flutuação do dólar e política de juros do Banco Central capaz de equalizar a
economia, por outro, Dilma ia pelo caminho contrário com aval do ministro do
Planejamento, Nelson Barbosa.
“Eles
imaginam que a economia pode ser conduzida por meio de intervenções pontuais e
com a substituição do mercado pelo governo. Levy travou esse cabo de guerra com
Barbosa e perdeu. Com ele perdeu o país, pois o governo não tem rumo”, aponta Rogério.
O
parlamentar destaca a condução desastrosa e o desprezo às tentativas de Levy de
equilibrar as contas contribuíram para uma situação ímpar no Brasil: dois anos
consecutivos de PIB negativo, o que não acontecia desde os anos 1930, além de
um período com índices de desenvolvimento social baixíssimos.
MEDO DE REFORMAS
O
ministro fez críticas ao governo Dilma na iminência de sua saída da Fazenda. Em
entrevista ao Estadão disse, por exemplo, que a gestão petista tem medo de
reformas. Para Rogério Marinho, nesse ponto Levy se equivocou. Segundo
ele, não é que a presidente tenha medo de fazer reformas. Ela tem total
convicção de que está fazendo o certo, mesmo afundando o país cada vez mais.
“É
uma grande convicção ideológica de que estão fazendo o que é certo. Por isso a
presidente precisa deixar o governo, pois o que ela pensa estar correto, não
está. Ela vai perseverar nesse modelo fisiológico, de aparelhamento do Estado e
compadrios”, alerta. Para o deputado, a queda de Levy demonstra a intenção da
presidente de afrouxar as amarras dos gastos públicos, desgastando a já
corroída credibilidade do país, que nesta semana amargou a perda do grau de
investimento por mais uma agência de risco.
Levy
entendeu o recado e adiantou durante a reunião do CMN que está de saída. Não
restava o que fazer diante de tanta resistência em realizar um ajuste fiscal
consistente. O estopim final foi a luta travada sobre a meta fiscal para 2016,
que começou com superávit de 2% do PIB e passou a déficit de 0,5%. Levy
defendia 0,7% do PIB, Dilma queria que fechasse em zero. O Congresso acabou
aprovando o superávit de 0,5%.


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