O resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb),
importante termômetro da qualidade do ensino na sala de aula, mostra
que a educação brasileira pouco avançou nos últimos anos e tem enormes
desafios pela frente. Segundo o deputado federal Rogério Marinho,
coordenador da bancada do PSDB na Comissão de Educação na Câmara, é
urgente que se faça uma reavaliação profunda do sistema, abrangendo
desde o processo de formação de professores até a reformulação do Ensino
Médio.
Para Rogério Marinho,
os índices refletem menos a questão da falta de recursos financeiros e
mais de gestão. Na última década houve muito enfoque em marketing e
mídia e políticas públicas pulverizadas, sem preocupação com a base. No
segundo mandato, Dilma chegou inclusive a usar o slogan “Pátria
Educadora”, que em momento algum se refletiu em ações concretas de seu
governo.
Na
avaliação do deputado, os problemas se acumulam e os índices mostram
que a “pátria educadora é uma balela, que o governo do PT privilegiou
números e quantidade em detrimento da qualidade”. Para ele, não é
possível conviver com a questão da hegemonia do pensamento único das
escolas e a reforma da educação deve ser adotada como um projeto de
nação, e não de um governo de ocasião.
De
acordo com o tucano, “a situação é catastrófica”. Ele ressalta que o
Ideb mede fluxo e proficiência. O fluxo – que é metade da nota, avalia
abandono, evasão e repetência. A outra metade da nota é o conhecimento
que o aluno conseguiu adquirir na série em que ele foi avaliado. “Se
você retirar o fluxo então é uma catástrofe. Desde a alfabetização até o
ensino médio a situação da qualidade do ensino no Brasil é terrível”,
afirma o deputado.
Para
o tucano, é preciso “refazer desde o início”, ou seja, investir na
formação do professor e diminuir o corporativismo existente na área
educacional brasileira. Segundo ele, a má qualificação do docente é
responsável pelo baixo índice de alfabetização existente no país: 56%
das crianças matriculadas no terceiro ano de ensino fundamental estão no
estágio 1 e 2. Ou seja, são analfabetos ou analfabetos funcionais.
Apenas 11% estão alfabetizados, os outros estão numa escala
intermediária.
Rogério
Marinho explica que, em função das deficiências no ensino fundamental,
apenas algo entre 40% e 50% dos estudantes conseguem chegar ao ensino
médio. E quando
chegam a situação se agrava diante das 14 disciplinas obrigatórias e
cinco transversais que ele vai enfrentar. “Ele ingressa no ensino médio,
que prepara mal para a universidade e não prepara para o mercado de
trabalho. Aí o ensino é desinteressante, fora da sua realidade”, alertou
o parlamentar, que defende uma ampla reforma neste período da educação.
Reformular
o currículo do ensino médio, conforme defendido pelo MEC, é positivo,
segundo ele. “É um grande avanço, mas nós estamos tratando do final do
ensino básico, e a gente tem que começar pelo alicerce”, reiterou. O
parlamentar alertou ainda para a necessidade de se discutir a base
nacional curricular comum. “A
tarefa do ministro Mendonça Filho é gigantesca e ele vai precisar de
muita força, de muito foco pra mexer nessa casa de marimbondos que é a
educação brasileira, na qual as pessoas estão presas na corporação”,
avisou.
Em termos nacionais, nos anos iniciais do Ensino
Fundamental (1º ao 5º), a meta para 2015 foi alcançada por 74,7% das
redes municipais. Mas não foi positiva para os anos finais do Ensino
Fundamental (6º ao 9º), nem no Ensino Médio.
No Ensino Médio, o índice permanece estagnado desde 2011. Como a avaliação é feita de dois em dois anos, o índice parou em 3,7 diante de uma meta de 3,9. Em 2015, a situação é mais grave, pois embora o índice permaneça em 3,7 a meta subiu para 4,3.
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