O domingo (22) foi marcado por dois fatos que expõem a crise política e social vivida pelo Rio Grande do Norte e pelo Brasil. De um lado, os hospitais públicos do estado enfrentam um colapso no fornecimento de alimentação devido à greve de trabalhadores terceirizados, causada por atrasos salariais e de benefícios. De outro, a capital potiguar foi palco de manifestações contra a chamada PEC da Blindagem e contra a proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
Hospitais sem alimentação
Segundo o Sindsaúde/RN, funcionários terceirizados do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel estão sem receber o salário de agosto e acumulam cinco meses de auxílio-alimentação atrasados. A paralisação já impacta diretamente pacientes e acompanhantes.
“A situação é crítica para os acompanhantes de pacientes, em sua maioria vindos do interior, sem condições financeiras. Há relatos de pessoas que não comem há dois dias e de famílias que precisam dividir uma única quentinha entre três pessoas”, afirmou o sindicato.
Ainda de acordo com a entidade, hospitais como o Giselda Trigueiro e o Hospital de São José de Mipibu estão sem fornecimento de alimentação desde 15 de setembro. O Walfredo Gurgel suspendeu as refeições no dia 16, e o Hospital Santa Catarina no dia 18.
Nesta segunda-feira (22), os profissionais da saúde anunciaram uma paralisação em frente ao Walfredo Gurgel, às 10h, em Natal, para pressionar o governo do estado.
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Manifestação contra a anistia e a PEC da Blindagem Foto: Reprodução/Instagram |
Enquanto isso, também em Natal, manifestantes se concentraram na avenida Roberto Freire, nas proximidades do viaduto, e seguiram em caminhada com trio elétrico em protesto contra a PEC da Blindagem e contra a tentativa de anistia a investigados pelos atos de 8 de janeiro.
O movimento, que se espalhou por mais de 30 cidades brasileiras, foi organizado por entidades e partidos ligados à esquerda, como PT e PSOL. Nacionalmente, os atos tiveram a participação de artistas como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Djavan, Daniela Mercury, Wagner Moura e Djonga.
A PEC da Blindagem, aprovada na Câmara dos Deputados na última terça-feira (16), amplia o foro privilegiado, restringe processos criminais contra parlamentares e determina que deputados e senadores só possam ser presos em flagrante por crime inafiançável. O projeto agora segue para análise no Senado, onde o relator, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), já sinalizou voto contrário.
Já o projeto de anistia foi colocado em regime de urgência e deve ser analisado em breve pela Câmara. O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) foi escolhido como relator.
Comentário
Ainda é difícil compreender a prioridade de alguns manifestantes. Enquanto o Rio Grande do Norte enfrenta um caos na saúde pública, com hospitais sem alimentação para pacientes e acompanhantes, milhares de pessoas preferem ocupar as ruas para dar voz a um governo que não consegue garantir o básico: cuidar da saúde da população.
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