27 setembro 2025

RN pode perder 16 mil servidores em 10 anos e sindicatos alertam para risco de colapso

Saúde, educação e segurança pública estão entre os setores mais afetados pelo avanço das aposentadorias e pela dificuldade do Estado em contratar novos profissionais.

O Rio Grande do Norte enfrenta um processo acelerado de envelhecimento do quadro de servidores públicos. Segundo a Tribuna do Norte, a previsão é de que 16 mil servidores se aposentem nos próximos dez anos, o que deve impactar diretamente setores estratégicos como saúde, segurança e educação.

Para a Secretaria de Administração (SEAD), o problema é antes de tudo demográfico e se reflete nas contas do Estado. Hoje, o RN convive praticamente com um servidor ativo para cada aposentado, proporção considerada “matematicamente insustentável” pelo secretário Pedro Lopes.

O número de aposentados e pensionistas quase dobrou em 15 anos, passando de pouco mais de 33 mil em 2010 para mais de 60 mil em 2025. Esse aumento pressiona as contas da previdência estadual, já que o Estado gasta cada vez mais com benefícios e tem dificuldades em contratar novos profissionais, devido ao limite da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Apesar de o ritmo anual de aposentadorias ter diminuído de 2.500 para cerca de 1.800, sindicatos alertam que o risco de colapso no atendimento público é real.

Na saúde, o Sindsaúde aponta que centenas de trabalhadores podem deixar a ativa nos próximos cinco anos, o que tende a sobrecarregar ainda mais hospitais e unidades básicas. “Quem sofre é a população que depende exclusivamente do SUS, especialmente a mais pobre”, disse a diretora Jamile Gibson.

Na segurança pública, o Sinpol denuncia que a Polícia Civil já trabalha com apenas 34% do efetivo previsto em lei. Nos próximos dois anos, mais de 500 policiais podem se aposentar, agravando ainda mais o déficit. “Mais da metade dos crimes ficam sem investigação”, alertou o presidente do sindicato, Nilton Arruda.

Na educação, a queda na taxa de natalidade pode reduzir a demanda por professores no futuro, mas o problema imediato é a falta de concursos. Hoje, o número de temporários saltou de 548 em 2018 para mais de 6 mil em 2025, um crescimento de quase 1.000%.

O governo aposta em medidas de ajuste fiscal para abrir espaço a novas contratações. A meta é reduzir o comprometimento da receita com pessoal, que já caiu de 63% para 55%, mas ainda está acima do limite legal de 49%.

Enquanto isso, o alerta continua: sem reposição adequada, os serviços públicos podem enfrentar uma crise de proporções inéditas no RN.

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