13 novembro 2025

Crise nos Correios se agrava: rombo bilionário, queda nas receitas e empréstimo de R$ 20 bilhões vira disputa entre bancos

Fachada de agência dos Correios
em São Paulo (SP) -
Rafaela Araújo - 12.set.25/Folhapress
Os Correios vivem em 2025 a sua pior fase em décadas. A estatal, que já foi referência em eficiência e capilaridade no país, enfrenta um rombo crescente, perda de competitividade e dificuldades para financiar suas operações. A crise se aprofundou nos últimos anos e agora ameaça a própria sobrevivência da empresa.

Prejuízos crescentes desde 2022

Depois de registrar um lucro recorde de R$ 3 bilhões em 2021, os Correios voltaram ao prejuízo no ano seguinte. Desde então, o balanço só piorou:

  • 2022: déficit de R$ 767 milhões

  • 2023: déficit de R$ 633 milhões

  • 2024: rombo dispara para R$ 2,6 bilhões, o maior desde 2016

Além da queda nas receitas — que ficaram em R$ 18,9 bilhões —, os custos avançaram quase 5%, puxados por despesas com pessoal, processos judiciais e precatórios. A queda nas encomendas internacionais, agravada pela “taxa das blusinhas”, também reduziu o volume de entregas.

Rombo em 2025 pode chegar a R$ 10 bilhões

A situação financeira continua deteriorando. Só no primeiro semestre de 2025, o prejuízo já chegou a R$ 4,4 bilhões, e a projeção oficial indica que o rombo deste ano pode alcançar R$ 10 bilhões.

Sem apoio financeiro, o cenário para os próximos anos é ainda mais preocupante:

  • 2026: risco de déficit de R$ 20 bilhões

  • 2029: rombo extremo pode chegar a R$ 70 bilhões, levando a estatal à beira da falência e até demissões em massa.

Empréstimo de R$ 20 bilhões vira impasse

Para tentar recuperar o caixa, os Correios estão buscando um empréstimo de R$ 20 bilhões, mas a operação virou motivo de disputa no mercado financeiro.

Na primeira negociação, um grupo formado por Banco do Brasil, BTG, Citibank e ABC Brasil aceitou financiar o valor — porém com juros considerados altos, mesmo com garantia do governo federal.

Os bancos pediram 136% do CDI, enquanto o Tesouro Nacional estabeleceu um teto de 120% do CDI para operações de longo prazo com garantia soberana.

Para evitar pagar juros muito acima do permitido, a direção da estatal decidiu fatiar o empréstimo em várias operações, tentando atrair outras instituições e reduzir o custo total.

Futuro incerto

Sem novas fontes de recursos e com despesas aumentando mais rápido que a receita, os Correios enfrentam um dos momentos mais críticos de sua história. O modelo atual dá sinais de esgotamento, e a estatal depende de decisões urgentes para evitar um colapso financeiro nos próximos anos.

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