Quando foi indicado pela primeira vez por Lula, em 2023, Gonet passou com folga: recebeu 65 votos favoráveis e apenas 11 contrários no plenário. Agora, obteve apenas 45 votos a favor e 26 contra — ficando perigosamente perto de uma rejeição, que ocorreria se cinco votos tivessem mudado.
Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o contraste também foi nítido. Em 2023, o placar foi de 23 a 4. Nesta quarta, caiu para 17 a 10, após uma sabatina tensa, na qual Gonet foi pressionado pela direita e defendido por senadores governistas e da esquerda.
A mudança de clima tem uma explicação política. Gonet chegou à PGR com forte apoio de ministros do STF, como Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, que viam nele um nome importante para dar andamento às investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. O diagnóstico no Supremo era de que seu antecessor, Augusto Aras, teria blindado o ex-presidente durante o mandato.
Mesmo assim, em 2023, Gonet conseguiu apoio da direita no Senado, que o enxergava como moderado, católico e até próximo de Bolsonaro — já que chegou a ser cotado para a PGR em 2019.
Mas o cenário mudou. Durante a sabatina, o senador Jorge Seif (PL-SC), um dos aliados mais fiéis de Bolsonaro, declarou abertamente que votou em Gonet anteriormente a pedido do ex-presidente — e que não repetiria o gesto. Outros parlamentares conservadores seguiram a mesma linha, criticando sua atuação em casos envolvendo Bolsonaro e aliados.
Gonet, por sua vez, tentou responder com cautela técnica, evitando comentar casos concretos e reforçando uma postura institucional. Ainda assim, não conseguiu evitar o desgaste político evidente na votação.

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