17 novembro 2025

"O Brasil empurrou a gente para o Paraguai', diz a última CEO da família Lupo no poder

Liliana Aufiero, presidente da Lupo,
no Espaço Lupo, museu da empresa,
 com sede em Araraquara (SP)
Zanone Fraissat/Folhapress
Aos 80 anos, Liliana Aufiero — última integrante da família Lupo no comando da tradicional fabricante de meias fundada em 1921 — afirmou que a empresa só abriu sua nova fábrica no Paraguai porque a situação tributária no Brasil se tornou “insustentável”.

A executiva relembra que, nos anos 1990, a Lupo quase fechou as portas por falta de caixa. Para evitar a falência, chegou até a parar de pagar impostos, aderindo depois ao Refis de 2000 para quitar as dívidas. Agora, mais de 30 anos depois, os tributos voltam a pesar no negócio.

Segundo Liliana, a nova lei 14.789/2023 — que altera regras de incentivos fiscais do ICMS — derrubou o lucro da empresa. Como reação, a Lupo inaugurou em junho sua primeira fábrica fora do país, em Ciudad del Este (Paraguai), onde os custos são cerca de 28% menores.

A nova unidade recebeu investimento de R$ 30 milhões, emprega 110 funcionários e tem capacidade para produzir até 20 milhões de pares de meias por ano.

Além dos impostos, a CEO destaca a concorrência de fábricas asiáticas instaladas no país vizinho, que vendem no Brasil com custos muito menores. “Se o concorrente chega aqui com um produto bom e sem investir em marca, preciso ter condições parecidas”, afirma.

Liliana reforça que a Lupo está ampliando sua linha esportiva e lançou até o primeiro tênis da marca. Mas, para continuar crescendo, diz que foi obrigada a buscar fora do Brasil aquilo que, segundo ela, o país deixou de oferecer: competitividade.

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